25.10.08

Entrevista para a Playboy

Mais 10P
Rafael Cortez

O repórter do CQC Rafael Cortez fala sobre repórteres inconvenientes, conta que apanhou quando tinha cabelo comprido, entrega que costuma plantar notícias e lamenta o furo de reportagem que ele não deu sobre Romário

Por Bruno Lazaretti



1 Como você foi tratado pelos outros repórteres no Festival de Veneza?
Na coletiva do Brad Pitt e do George Clooney, como eles são muito visados, todo mundo quer ter um diferencial, perguntar algo que eles nunca tenham ouvido. Apesar de eles já terem ouvido de tudo e estarem com o saco na Lua. Então não senti muita vergonha. Além do que tinha uma repórter de uma TV espanhola numa situação totalmente constrangedora. Ela foi com shortinho de jogadora de futebol, com camisetinha – gostosa, gostosa pra caramba! Ela pediu o microfone e foi se aproximando até o limite permitido. Aí ela falou: “Eu vim aqui, não tenho nenhuma pergunta, mas quero saber se posso sapatear pra vocês”. Ela falou isso e recebeu uma puta vaia! Que é o maior medo de qualquer jornalista em coletiva de imprensa. Eu morro de medo de ser vaiado! Ela foi vaiada e foi piorando. “Não posso sapatear? Então danço.” E ficou dançando, e os caras com cara de paisagem. Quando chegou a minha vez já estava light.

2 E no empurra-empurra da saída das estrelas?
Tive um problema com a BBC de Londres na saída da Charlize Theron. A gente tava na grade quando ela saiu da coletiva de imprensa, e nós disputando homem a homem por um espaço na grade, jornalistas e fãs. E aí eles [da BBC] foram de uma soberba... “Primeiro a gente vai fazer nosso trabalho sério, depois você faz o seu.” Quando falam assim comigo eu fico louco. Mas me intimidaram, porque era a BBC de Londres...

3 Então a relação com a imprensa é turbulenta?
Mas gente se diverte. Uma vez dei entrevista, eu e o Vesgo [do Pânico], para um jornal do Rio de Janeiro, em que inventamos muita coisa. Falamos que tínhamos estudado junto, que eu namorava a irmã do Vesgo e tal. E isso saiu em vários lugares! “Vesgo e Rafael Cortez são muito amigos. Rafael, inclusive, namorou Juliana, irmã de Vesgo”. Eu faço isso como Danilo Gentili também, a gente fica confundindo todo mundo. E repercute!

4 Você é bom de briga?
Cara, eu só entro em briga pra causar, empurrar todo mundo [risos]. Acho que todo homem tem que entrar numa briga, nem que seja pra entrar empurrando todo mundo e correr muito. Mas já apanhei também.

5 Como foi?
Quando eu tinha 16 anos estava todo alegre, andando com meus amigos no Itaim Bibi. Todo mundo cabeludinho, mas ninguém era partidário de nenhuma “tribo”. Até que apareceu uns carinhas de bike: “Ô, seu heavy metal, aqui é bairro de punk, você não pode andar aqui não”. E eu respondi: “Mas eu não sou nada, estou de boa, andando”. Aí os caras começaram a puxar o meu cabelo, me zoando, e eu lá [faz voz fininha]: “Pára, meu! Pára, porra! Sai!”, aquelas coisas de menino de 16 anos. Foi quando o maior de todos desceu da bike e meteu o pé na minha cara. Fiquei inchado uns quatro dias. Tem que ser muito covarde. Sou um cara que paga pra sair de uma briga. Não pretendo ser agredido no CQC tão cedo.

6 Algum outro repórter já apanhou legal no programa?
O Oscar [Filho] levou uma bordoada do [diretor Hector] Babenco. Ele deu uma revistada na cabeça do Oscar. E era uma revistona! O Oscar foi genial, ele mandou uma ótima. O Babenco tinha dado uma declaração infeliz de que não havia atores brasileiros à altura do Gael García Bernal, sendo que ele sempre trabalhou com ator brasileiro. E o Oscar perguntou pra ele: “O que você acharia de uma declaração de que não existe diretor brasileiro naturalizado argentino à altura do Fernando Meirelles?”. O Babenco respondeu algo como: “Acho isso uma babaquice, suas perguntas são muito idiotas. Você é um bolha, um babaca”. Aí ele enrolou a revista e deu na cabeça do Oscar! Ele foi o único que apanhou até agora.

7 Você já conseguiu algum furo de reportagem no CQC?
Sim, mas não valeu como furo. Fui para o Rio fazer uma matéria que ficou uma bosta: leilão de gado da Ana Maria Braga no Copacabana Palace. Uma bosta, mas era boca livre. Ficamos bebendo, comendo, olhando o lugar. Foi aí alguém falou que o Romário ia fazer a seleção dos melhores gols da carreira dele lá na Barra da Tijuca. E ninguém queria ir, ninguém botava fé. Mas acabamos indo. Chegando lá, começamos a gravar com o Romário e tal, e de repente ele me puxou e falou: “Olha, não vou mais jogar não. Aliás, quero avisar, estou me aposentando! É o fim da minha carreira, acabou pra sempre!”. Aí os repórteres que estavam em volta caíram matando. Mas a gente só iria veicular na outra segunda, então não foi furo. Mas quem tirou a declaração fui eu.

8 O que acha dos programas de humor como o Casseta & Planeta? Ficaram obsoletos?
Não, acho que há espaço pra todo mundo. O que eu sinto é que existem abordagens diferentes. O Casseta & Planeta cria personagens, o Pânico faz isso também. É uma coisa sacramentada pelo Chico Anysio. Mas há uma predisposição do brasileiro para absorver comédia. Desde que seja engraçado, como diz Tom Cavalcanti. Tem que ser engraçado.

9 Quem você gostaria de sacanear?
O Danilo Gentili. Acho que isso ainda vai acontecer, vai rolar um “duelo” entre amigos. Também queria fazer um CQTeste com a Maria Bethânia, acho que seria ótimo.

10 A saideira: o que você perguntaria pro Michael Jackson?
Pro Michael Jackson? [Risos] A última mulher que você comeu foi a Dona Cândida, cara?

Um comentário:

Elcilene disse...

Sou sua fã ti adimiro muito.vc é lindo assisto vc todas as segundas.te adoro bjssss.tchal...